5 de agosto de 2020 – N.º 1.451
UNIDAS Talks: apesar dos avanços, vacina contra Covid-19 deve estar disponível no Brasil somente em 2021, declara especialista
Pedro Barbosa foi o convidado especial do evento e esclareceu diferentes pontos relacionados ao desafio científico e tecnológico em saúde no período de pandemia
O desafio científico e tecnológico em saúde no período de pandemia foi tema de mais um UNIDAS Talks, realizado na última terça-feira (4), que contou com a presença do especialista Pedro Barbosa, presidente do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (Fundação Oswaldo Cruz – FioCruz). O evento, mediado por Anderson Mendes, presidente da UNIDAS, rendeu diferentes análises sobre os assuntos relacionados à crise do novo coronavírus.
Segundo Barbosa, nesta semana, a FioCruz firmou uma parceria com uma empresa da indústria farmacêutica, para produção da vacina contra a Covid-19. De acordo com o otimismo do especialista, os projetos – que já somam mais de 200 – de vacina estão em rotas promissoras no mundo nos próximos seis meses, mas não devem ser aplicados de imediato. “Os resultados devem ser apresentados com mais segurança próximo ao final do ano, e depois há todo um trâmite regulatório para se tornar, de fato, um produto autorizado a uso”, explicou.
Sobre a produção brasileira, o especialista da FioCruz também mostrou entusiasmo, dizendo: “de modo singular, nós não vamos somente produzir, mas dominar tecnologicamente este processo produtivo e de conhecimento desta vacina. Estamos em fase 3 ainda, mas no padrão Organização Mundial da Saúde (OMS) já nos encontramos entre as cinco mais avançadas do mundo, então, ela é promissora. Estamos nos antecipando, inclusive em relação à reforma de fábrica, para produzi-la, e devemos ter essa capacidade de produção no meio do próximo ano”.
Barbosa afirmou ainda que 15 milhões de doses chegarão ao Brasil entre dezembro de 2020 e janeiro do próximo ano. Já entre fevereiro e junho chegam mais 70 milhões de doses para serem envasadas no país. “Ao mesmo tempo que estamos recebendo, estamos implantando uma fábrica para produzir esse Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) dentro de Bio-Manguinhos (FioCruz)”, ressaltou.
A propriedade sobre o assunto em debate também foi destacada pelo especialista, que revelou ter sido um dos primeiros sanitaristas brasileiros, portanto, muito dedicado ao Sistema Único de Saúde (SUS), o qual considera sua escola. “O SUS é um sistema muito generoso. Uma perspectiva de direito de todos e dever do Estado, que do ponto de vista da tese é algo sem igual e invejável no mundo, mas, obviamente, ainda em construção, com muitos elementos relacionados a financiamento, competências técnicas, gestão, processo de integração e ao desafio de ter um sistema federativo, único e dividido em três níveis de governo: federal, estadual e municipal”.
Apesar de ser otimista com os avanços do serviço público, ele relembrou outras crises epidêmicas, para destacar os desdobramentos do momento atual. “Desta vez, atacou de modo inexorável e, obviamente, nem o sistema de saúde dá conta disso, e nem poderia dar. Para suprir este processo e, não é à toa, as medidas foram nos campos econômico, cultural, e, claro, da saúde”, explicou.
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