Por Ingrid Rodrigues
24 de agosto de 2020 – N.º 1.468
Com formato inovador, 11° Seminário UNIDAS registra recorde de público ao debater atenção integral à saúde
Mais de 2 mil pessoas acompanharam, durante cinco dias, palestras transmitidas ao vivo diretamente do Teatro WTC, em São Paulo
O 11° Seminário UNIDAS – Atenção Integral à Saúde, realizado pela primeira vez em edição virtual e ao vivo, exigiu coragem e inovação. Além de encurtar distâncias e, ineditamente, ter sido 100% gratuito para filiadas, o evento, realizado entre 17 e 21 de agosto, no Teatro WTC, em São Paulo, também registrou alguns recordes: mais de 2 mil participantes, 1,3 mil acessos simultâneos todos os dias, participações de aproximadamente 90 filiadas, além de mais de 1,1 mil visualizações no canal da instituição no YouTube. Foram cinco dias intensos de debates, que geraram mais de 10 horas de conteúdos enriquecedores, apresentados por 25 palestrantes e mediadores, incluindo um especialista internacional. O evento também contou com importantes parcerias de 27 empresas patrocinadoras.
“É um tempo de novos hábitos. Temos a missão de contribuir com as nossas filiadas no aprimoramento de atenção à saúde aos nossos beneficiários. Estamos vivendo um período desafiador e de reflexão. Pagamos o preço por investimentos emergenciais ou o preço por não ter investido antes? Precisamos inovar. Deixar de criar planos de fazer planos, e estabelecer planejamentos e ações concretas. Acima de tudo, precisamos ter coragem”, refletiu Anderson Mendes, presidente da entidade.
Abertura
Para iniciar o seminário, além de Mendes, o CEO da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), Valdesir Galvan, agradeceu a UNIDAS por, durante todo o evento, arrecadar doações para a instituição que atua na causa de pessoas com deficiência física, reabilitando e reintegrando-as à sociedade com uma vida mais digna e com independência.
O diretor-presidente substituto da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Rogério Scarabel, também participou da abertura e falou sobre a importância de discutir sobre a atenção integral à saúde neste momento. “No Brasil, temos de pensar no sistema de saúde e a sustentabilidade como um todo. Tratar de forma segmentada, separar público e privado, não faz sentido. É necessário pensarmos e adotarmos mecanismos de integração e cuidar da sustentabilidade, além de ter um foco ainda maior na prevenção e na promoção de saúde”, declarou.
Palestra magna
A palestra magna “O desafio da integração: as redes de atenção à saúde” ficou por conta do consultor em saúde pública Eugênio Vilaça, e foi mediada pelo diretor de relações interinstitucionais da CASU/UFMG e membro do conselho deliberativo da UNIDAS, Marcos Roberto Moreira Ribeiro.
Para Vilaça, integrar, coordenar e organizar os sistemas de atenção à saúde, que hoje encontram-se fragmentados, são a saída para um sistema de saúde mais eficiente, e existe a necessidade de adotar esse modelo. “Na média, mais de 90% das pessoas conseguem se curar dentro do sistema de atenção primária”, afirmou.
De acordo com ele, a organização dessas redes poderia ter ajudado, por exemplo, no combate ao novo coronavírus. “A pandemia foi anunciada, a gente sabia que ela chegaria. A rede tem um centro de inteligência de atenção primária à saúde que conhece a sua população. Ela tem essa característica. É possível estratificar a população de risco e fazer o monitoramento a partir da atenção primária juntamente com o sistema de teleassistência, por exemplo. A rede faria uma enorme diferença nisso”, explicou o especialista.
O consultor em saúde pública também falou sobre os desafios do modelo de financiamento e a necessidade de sair de um modelo de pagamento por volume de recursos (fee-for-service) para um sistema de pagamento baseado no valor para as pessoas (fee-for-value). “Como alternativa para substituir esse modelo, nós podemos trabalhar com pagamento por procedimento, por performance, por pacote ou episódio ou por capitação, por exemplo”.
Palestra internacional
O especialista Wolf Kirsten, cofundador e codiretor do Centro Global para Locais de Trabalho Saudáveis e presidente da International Health Consulting, falou sobre a importância de promover a saúde e bem-estar no ambiente de trabalho para melhorar a qualidade de vida dos colaboradores. A palestra também foi medida por Marcos Roberto.
Segundo ele, o maior desafio das empresas durante esse período é cuidar da saúde mental de seus colaboradores. Para Kirsten, a saúde mental, que já era algo muito importante no ambiente de trabalho, ficou ainda mais evidente com a chegada da pandemia. Ele reforça que a questão não é o home office, mas sim o trabalho em casa sem preparo e sem estrutura, tanto que aqueles que conseguem se adaptar bem ao sistema, costumam ser mais produtivos.
De acordo com o palestrante, 65,3% dos colaboradores em home office estão trabalhando mais e em horários mais irregulares. Mais de 50% relataram dores no pescoço, ombros e costas, além de problemas para dormir, fadiga e dor de cabeça. 84,2% declararam que não havia avaliação de saúde ou segurança em suas estações de trabalho em casa.
“Nós temos um novo mundo do trabalho. Empresas de tecnologia como Google, Twitter e Facebook já anunciaram que terão mais funcionários trabalhando remotamente ou até em modelo home office para sempre. Nós sabemos que algumas pessoas precisam manter o trabalho presencial por conta da natureza e necessidades de sua profissão, no entanto, com a pandemia, o trabalho à distância já é uma tendência global e não será uma realidade somente das empresas de tecnologia”, explicou.
Níveis de atenção à saúde
A primeira palestra do painel “Interface entre os níveis de atenção primária, secundária, terciária e quaternária para o cuidado integral” foi realizada pelo médico sanitarista e gerente executivo de saúde da Cassi, Paulo Rogério Affonso, que falou sobre a importância da organização do cuidado em redes de atenção com vistas a proporcionar uma atenção à saúde integral com qualidade e segurança.
De acordo com o especialista, “a transição que vivemos é bastante importante e, nas autogestões, já temos cenários que o Brasil vai enfrentar somente em 2050, como o envelhecimento populacional. Temos que lidar com todas as condições, agudas, crônicas e triplas cargas de doenças. A todo momento, é preciso ter o olhar para essa população.”
A respeito do cenário da incorporação tecnológica, ele alertou que traz benefícios para o sistema, mas precisa de atenção ao uso irracional: “Esse cenário todo gera um aumento nos custos em saúde, e precisamos criar um modelo de atenção integral, focando na sustentabilidade”, explicou.
Affonso questionou: “como eu posso agregar valor em um sistema fragmentado, orientado por componentes isolados, reativo, que tem ênfase em ações curativas e é financiado por procedimentos?”. Segundo ele, a melhor maneira de fazer isso é trabalhar o conhecimento da população, “já que 50% dos determinantes da saúde estão relacionados aos hábitos dessa população.”
A Atenção Primária à Saúde (APS) também foi pautada pelo médico, que justificou a importância do modelo a partir dos seguintes pontos: olhar amplo e multidimensional do cuidado; identificação de necessidades de saúde; manejo de riscos – foco na prevenção e promoção; cuidado centrado participante – PTS; adaptabilidade ao cenário externo; 85% dos problemas de saúde; resolutividade; coordenação de cuidados; interdisciplinaridade, e impacto na redução de curva de despesas básicas.
Para finalizar o tema, o médico sanitarista falou sobre como a Covid-19 trouxe oportunidade para o sistema de aceleração da telemedicina, e da importância de sua regulamentação como um grande potencializador na organização das redes de atenção integral à saúde. Segundo ele, a bandeira deste modelo deve continuar não só pelas questões técnicas envolvidas no processo, mas pela diferença que faz aos beneficiários e cidadãos brasileiros. Para Affonso, as autogestões, pioneiras em APS, devem continuar trabalhando desta forma.
O diretor de desenvolvimento setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Rodrigo Aguiar, explanou sobre o programa de atenção primária da agência reguladora, destacando os objetivos da iniciativa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde: acesso à rede de prestadores de serviços de saúde, qualidade da atenção à saúde, e experiência do beneficiário. Vale ressaltar que as operadoras poderão aderir ao programa em duas modalidades: certificação de boas práticas em APS e projetos-piloto.
O assunto destacado pelo diretor é uma iniciativa desenvolvida pela ANS, que propõe estimular a implantação de um modelo ainda pouco disseminado na saúde suplementar, para reorganização da porta de entrada do sistema com base em cuidados primários em saúde. Aguiar explicou que, por conta da pandemia, o programa está enfrentando novos desafios, e foi preciso realizar ajustes para que pudesse ser aplicado no ambiente virtual. “O objetivo é que com a APS a gente tenha mais eficiência, com a coordenação de uma equipe multidisciplinar, em que o paciente é o foco do cuidado”, afirmou.
A última palestra, “interface entre os níveis de atenção: um desafio para a gestão pública”, foi comandada por Diana Martins Barbosa, gerente de faturamento e contratualização na Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG). Logo no início, ela destacou: que “temos um desafio mundial: a necessidade da saúde preventiva. Não é um saber fácil para a saúde e, sobretudo, também na saúde pública”.
Ao apresentar a proposta para enfrentar o cenário do tema, Diana expôs que o restabelecimento da coerência entre a situação de saúde em sistema integrado de saúde, voltado, equilibradamente, para a atenção ás condições agudas e crônicas. Para ela, uma das maneiras de se construir os Sistemas Integrados de Serviço à Saúde é por meio de implementação de redes de atenção.
Os desafios para implantar uma rede de atenção também foram explicados pela especialista: “e preciso ter uma linguagem assistencial única, na qual os profissionais dos pontos de atenção conversem entre si, e atuem de forma complementar”.
O painel e os debates foram mediados pelo gerente nacional de saúde da Assefaz, Thiago Braga.
Saúde corporativa
Ao iniciar o painel “Gestão de saúde corporativa no cuidado da saúde integral”, o diretor-presidente substituto da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Rogério Scarabel, trouxe informações e reflexões sobre o cenário da saúde suplementar, impactos da Covid-19 no setor e atenção integral à saúde.
Scarabel mostrou dados sobre a saúde suplementar em números, expondo um total de 46,7 milhões de beneficiários; planos: 19% individuais/familiares, 14% coletivo por adesão e 67% coletivos empresariais; 714 operadoras médico-hospitalares com beneficiários; e 17.992 planos de assistência médica com beneficiários em comercialização. “A saúde suplementar está intimamente ligada à atividade econômica do país, por isso a pandemia trará impactos também para o segmento”, afirmou.
As principais medidas tomadas pela ANS em relação à atual crise também entraram em pauta, como cobertura de exames para detecção do novo coronavírus, viabilização da telessaúde, prorrogação de prazos de obrigações das operadoras, medidas temporárias no âmbito da fiscalização, entre outras.
Ao apresentar o novo mapa assistencial da Agência, o diretor-presidente substituto ressaltou que “em 2019 houve um crescimento de 6,4% de procedimentos médicos”. Além disso, a estratégia para a sustentabilidade do Promoprev, programa de promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças, incentivado pela ANS, também foi apresentada, e inclui: formação de profissionais, saúde baseada em evidências, padronização de procedimentos, investimento em inovação e tecnologia, investimento em promoção de saúde e envolvimento dos beneficiários.
Durante a palestra, Scarabel aproveitou para refletir: “precisamos pensar nessa geração de saúde baseada em valor”, fator que já vem sendo debatido ao longo deste seminário.
Na sequência, Márcia Agosti, gerente de programas de saúde na GE do Brasil, deixou suas considerações sobre o tema. De início, ela apresentou os quatro pilares básicos da governança corporativa: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. “Essa diversidade entre princípios, interesses e riscos das operadoras vai fazer a gente chegar em um caminho comum de equilíbrio. Essa é a verdadeira diversidade”, afirmou Márcia.
A saúde dos funcionários das empresas também foi destaque da participação da gerente de programas de saúde. Segundo ela, “mais do que operar a saúde, nós passamos a atuar numa área de influência nos recursos humanos (RH)”.
“A experiência do funcionário, o engajamento e o bem-estar dele são centrais para uma estratégia de cultura de RH. Os funcionários mostram três vezes mais chances de serem positivos sobre o seu bem-estar se estiverem tendo uma boa experiência de trabalho”, explicou.
De acordo com ela, a atenção com os colaboradores é essencial para melhorias de trabalho e desempenho. “É preciso criar e gerar um sistema de gerenciamento de informações e tratativas que vão muito além do plano médico”. Depois de explicar o modelo socioecológico adotado pela GE, que inclui esforços para criar ambientes de trabalho saudáveis, ela reforçou os resultados positivos da iniciativa. “Aplicando esse sistema, temos observado aumento de produtividade, redução de custos com doenças, redução da incapacidade precoce, entre outros”, afirmou.
Amanda de Souza Silva, gerente de saúde assistencial e promoprev na Abertta Saúde, foi a última a palestrar no dia. “O conceito de saúde integral inclui bem-estar físico, mental, espiritual, emocional e social”, explicou.
A especialista seguiu a discussão enfatizando a importância de uma atenção redobrada ao bem-estar do beneficiário: “para agregar valor ao paciente, temos que ter um objetivo, considerando que a saúde dele é o centro. É importante a centralidade não somente dele, mas também no seu ambiente e na sua família.”
Para Amanda, quando se pensa em melhorar a saúde da população, é preciso estratificar, monitorar e acompanhar os resultados. Ainda, listou os resultados de modelo de atenção à saúde em: satisfação pós atendimento, aderência dos profissionais ao modelo, custo assistencial per capita, custo dos maiores consumidores, beneficiários estratificados, beneficiários monitoras e beneficiários com resultado em saúde. Além desses fatores, deixou claro que o modelo de maturidade em gestão de saúde é dividido em quatro pilares: inteligência, integração com operadoras, integração ocupacional e assistencial e a experiência do beneficiário.
O painel e os debates foram mediados por Georgia Gomes de Matos, psicóloga especialista em desenvolvimento industrial do Sesi.
Estilo de vida e relação com a pandemia
As palestras do terceiro painel do 11° Seminário UNIDAS “Tecnologia leve como inovação” foram mediadas por Viviane Barroso, gerente de divisão da Cassi e membro do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.
Primeira a se apresentar, a coordenadora-geral de vigilância de doenças e agravos não transmissíveis do Ministério da Saúde, Luciana Sardinha, tratou sobre hábitos e estilo de vida dos brasileiros. Ao trazer dados apontando o Brasil como o país que atingiu maior prevalência de obesidade (20,3%) em adultos nos últimos 14 anos, Luciana expõe algumas consequências dessa alta. Há um aumento de consumo de frutas e hortaliças, porém esse dado continua sendo muito baixo e trazendo reflexos, assim como a prática de atividade física no tempo livre, que embora tenha crescido 28,7%, entre 2009 e 2019, também não é um índice tão significativo.
Segundo a especialista, diabetes, consumo de álcool, obesidade, sedentarismo, entre outras questões relacionadas a hábitos de vida, têm se mostrado fatores de risco para as pessoas que são infectadas pelo novo coronavírus. Ressaltou ainda que cardiopatia, diabetes e doença renal são as três principais comorbidades que podem agravar a saúde das pessoas infectadas pela Covid-19.
Silvia Lagrotta, diretora fundadora do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida, falou sobre o impacto da medicina do estilo de vida na saúde integral. Logo de início, a especialista destacou que o conjunto de práticas saudáveis é essencial para a saúde e bem-estar. “Hoje, por mais que as farmacêuticas tenham avançado, a gente continua adoecendo de doenças totalmente evitáveis: diabetes, cardiopatias e câncer”.
Para esclarecer a ideia do tema apresentado, Silvia explicou que “na medicina do estilo de vida nós somos educadores. Ensinamos o paciente a ressignificar o óbvio”. De acordo com ela, os fundamentos básicos dessa prática dividem-se em: educadores, estilo de vida como tratamento e prevenção das doenças, ressignificar o óbvio, resgate da naturalidade e relação horizontalizada com médico/profissional de saúde.
A utilização dessa técnica merece atenção para quem busca resultados positivos aos beneficiários. “Quando o paciente começa a receber essa informação de forma sólida, ele vê que faz sentido e busca melhorar seus hábitos”, afirmou a diretora.
Um dos destaques da apresentação foram as zonas azuis. “As zonas azuis do planeta têm características semelhantes e levam seus habitantes a viverem mais de 100 anos com qualidade de vida, sem medicações e sem doenças crônicas inflamatórias”, explicou Silvia. A partir disso, ela expôs os pilares da medicina de estilo de vida divididos em: saúde do sono e natureza, alimentação, atividade física, gerenciamento de estresse, amor e suporte social, e gerenciamento de uso de substâncias tóxicas.
A última palestra do dia ficou por conta de Mariana Salomão Daud, médica de família e comunidade, que não pôde estar ao vivo na discussão, mas deixou gravada suas contribuições sobre comunicação – inovação técnica na atenção primária.
Durante toda a apresentação, Mariana reforçou a necessidade da comunicação eficaz no setor. “Não importa o quão experiente é um médico, se ele não for capaz de abrir uma boa comunicação com o paciente, ele não poderá ajudá-lo”, esclareceu.
“A comunicação do médico está totalmente relacionada com a adesão do paciente ao tratamento, podendo aumentar essa adesão em até 60%. Estudos mostram que a capacidade do profissional de saúde de explicar, ouvir, ter empatia e saber orientar pode ter efeitos na saúde do paciente”, enfatizou a médica.
Ainda de acordo com ela, para a preparação desses profissionais são necessários treinamentos imersivos, coaching institucional e comunidades de práticas.
Telemedicina e o resultado da Covid-19 no setor
O último painel do evento abordou o tema “uso da tecnologia na humanização do cuidado”. O professor da faculdade de medicina da Universidade de São Paulo (USP) e chefe da disciplina de telemedicina, Chao Lung Wen, iniciou falando sobre os cinco pilares da telemedicina que devem ser respeitados por médicos, pacientes e organizações.
De acordo com o especialista, a telemedicina é irreversível, porque estamos em uma transformação digital, em um ponto de aceleração exponencial. Por meio dessa prática, não haverá uma “vida online” e sim “onlife”. Ou seja, uma vida híbrida, em que o físico e o digital estão interligados.
“Telemedicina não é ferramenta, é um método de investigação e cuidado integral, que usa teletecnologias assistenciais”, explicou, dizendo também que não é algo individualizado, mas uma conexão de processos.
Segundo ele, somente médicos podem usar a ferramenta da telemedicina, pois se trata de um exercício da medicina por força de lei. O fato, por sua vez, não exclui a prática de outros ramos, que também devem ter exclusividade ao uso de cada profissão como, por exemplo, tele-enfermagem, teleondontologia, entre outros.
“Precisaremos ter um padrão de acreditação para garantir a qualidade dos serviços oferecidos na telemedicina. Não basta uma videochamada para chamarmos de telemedicina”, garantiu o médico, expondo a Covid-19 como um fator de transformação, graças aos avanços das leis este ano relacionadas aos serviços, jamais feito na história do País.
Chao Lung também falou sobre a importância do método para continuidade em tratamentos não relacionados ao novo coronavírus em meio à pandemia. A pauta incluiu ainda os cinco pilares e forma de atuação dos médicos diante desse serviço.
Samantha França, médica de família e gerente de atenção ambulatorial da Amil Internacional, esteve no palco do WTC e tratou sobre “como preparar os profissionais para esse ‘novo normal’? Importância da capacitação e da adequada remuneração”.
Logo no início da palestra, ela reforçou alguns desafios da pandemia: atendimento à distância, a humanização, a atenção às demandas dos clientes, remuneração, treinamentos para atendimentos remotos e preparação dos médicos.
“Ansiedade, sintomas urinários, sintomas suspeitos de Covid são algumas das principais queixas nos últimos meses”, informou a médica.
Como o foco da pauta foram os desdobramentos da pandemia na saúde dos pacientes, Samantha não pôde deixar de falar sobre alguns legados que a crise atual tem deixado na sociedade e destacou: aceleração de mudanças, relações humanas e conexões digitais, consultas virtuais, perda do fetichismo da presença e possibilidade de maior conexão consigo mesmo.
Para finalizar as palestras, o CEO da Athena Saúde no Espírito Santo, André Madureira, tratou sobre o “desafio de prestar um bom atendimento mesmo à distância. Principais demandas dos clientes no cenário atual do brasil – práticas de uma operadora”, com base em suas experiências na empresa.
Para ele, a alta demanda do serviço online mostra ser uma demanda que veio para ficar. “Precisamos estar preparados e estruturados para essa tendência. Acredito que órgãos reguladores ainda irão legislar sobre essa metodologia, essa nova forma de se relacionar com o beneficiário”, afirmou.
O último painel teve como mediadora a sócia da A4quality Healthcare, Marília Ehl Barbosa.
Prêmio UNIDAS 2019
O público também pôde assistir às apresentações dos trabalhos ganhadores do Prêmio Saúde UNIDAS 2019.
O primeiro lugar, “Fraturas de úmero ou rádio distal como alerta para fraturas de colo de fêmur ou coluna, estudo de coorte retrospectiva em um plano com abrangência estadual em Santa Catarina”, foi apresentado pela médica coordenadora do núcleo de custos assistenciais e especialidades da Qualirede, Sandra Rocco, uma das autoras, que explicou: “concluímos que as fraturas de úmero ou rádio distal foram um indicador de maior risco para as fraturas de coluna ou fêmur entre beneficiários mediante idosos e muito idosos. Estes resultados alertam para a necessidade de ações no sentido de prevenção de quedas e tratamento da osteoporose neste grupo particularmente vulnerável”.
A primeira apresentação foi mediada pela especialista em auditoria em saúde e ex-diretora de treinamento e desenvolvimento da UNIDAS, Priscilla Vieira, que aproveitou para parabenizar a equipe do trabalho vencedor e declarou a importância do estudo: “É uma forte evidência que há uma necessidade de conhecer a comunidade, a população. Além disso, a questão da prevenção, isso reduz custo, traz um cuidado integral e a gente trata da saúde e não da doença.”
O segundo lugar foi para o trabalho “Gestão e segurança do paciente internado: Um novo olhar da auditoria”. A coordenadora de regulação em saúde e auditoria da AsQ, Mariana Macena Muniz Vieira, falou sobre o objetivo da proposta que é “demonstrar resultados da implantação e acompanhamento de um modelo inovador de gestão de pacientes internados”. De acordo com ela, a implantação desse modelo pode contribuir para endossar parâmetros da qualidade de saúde.
Leandro Araujo, gerente executivo da UNIDAS, atuou como mediador da apresentação e aproveitou para colaborar sobre o tema exposto, dizendo: “discutimos essa questão dos modelos de auditoria há um bom tempo, e o mundo exige cada vez mais que a gente atualize, inove e crie coisas novas. Fazer essa gestão do paciente é muito importante, coordenar o cuidado junto com a equipe assistencial que está no hospital prestando atendimento é importantíssimo para monitorar a qualidade assistencial, desfechos clínicos com ganho de saúde para o paciente e, ainda, na questão da sustentabilidade do setor.”
Por fim, o terceiro lugar: “Impacto econômico da enxaqueca na saúde suplementar”, foi apresentado pela diretora de previdência e assistência da Capesesp, Juliana Martinho Busch, que explicou a ideia do trabalho: “o tema veio de um perfil epidemiológico que fizemos na nossa carteira. O objetivo desse estudo foi avaliar a carga da doença e seu impacto econômico na população de uma operadora de plano de saúde de autogestão”. Ela ainda trouxe dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) para ressaltar a importância do tema, mostrando que a enxaqueca está entre as 20 doenças mais incapacitantes no mundo, com prevalência anual entre 3% e 24,6% da população. No Brasil, a prevalência é estimada em 15,2%.
A apresentação foi mediada pela diretora técnica da UNIDAS e gerente de serviços de saúde da Amagis, Marina Shizuko. “Parabenizo mais uma vez esse excelente trabalho. São números assustadores, quando pensamos que já temos milhares de doenças, a enxaqueca está entre as 20 mais incapacitantes. Nos faz refletir sobre ter um olhar diferenciado e dar importância para essa patologia que é incapacitante. É preocupante pensar que temos 25% de gasto a mais em nossa carteira com esses pacientes”, acrescentou Marina.
Durante todas as palestras, o público teve a oportunidade de interagir, mandando questionamentos e dúvidas aos convidados, e foi respondido após a apresentação de cada um deles.
Prêmio Saúde UNIDAS 2020
Durante o seminário, foi anunciado que as inscrições para o Prêmio Saúde UNIDAS 2020 estão abertas. Esta edição não poderia ser diferente. Neste ano, a UNIDAS receberá trabalhos relacionados às melhores práticas em relação ao enfrentamento da Covid-19. Como foi acompanhado pelo público, a premiação prestigia as iniciativas bem-sucedidas das filiadas da instituição.
Prêmio IDSS
O evento contou com a tradicional entrega do prêmio IDSS (Índice de Desempenho da Saúde Suplementar) às autogestões filiadas que receberam nota máxima (0,80 a 1) no Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS) 2019, ano base 2018. Os troféus serão enviados por correio a cada uma das instituições homenageadas. Nesta edição, as 17 autogestões que alcançaram nota máxima no índice da ANS foram: Abertta saúde, Afrafep, Agros, Asfeb, Cafaz, Camed, Casec, CASU/UFMG, Cemig Saúde, Copass Saúde, Elosaúde, Faceb, Fundação Fiat, Fundação Libertas, Judicemed, Pasa e Sindifisco.
Homenagens
O presidente da UNIDAS, Anderson Mendes, também subiu ao palco para homenagear os ex-diretores da entidade, Priscilla Vieira (treinamento e desenvolvimento) e Felipe Freitas ((administrativo-financeiro), que também participaram presencialmente do evento.
“Agradeço aos dois diretores que estiveram conosco no início do mandato, em maio de 2019, e desempenharam ao longo desse tempo um excelente trabalho. Em nome da diretoria e conselhos fiscal e deliberativo, agradeço a vocês, que passaram pela instituição deixando um bom histórico. Para mim, pessoalmente, foi um orgulho trabalhar ao lado de vocês. Muito obrigado pela parceria”, discursou o presidente.
Priscilla iniciou agradecendo pelo convite: “nós iniciamos esse projeto dentro da UNIDAS, e levamos adiante com muito amor o trabalho que desempenhamos em conjunto nesse período. Foi sensacional! Atingiu, hoje, particularmente, as autogestões como um todo. Não só a autogestão, o operacional está conosco assistindo tudo o que está acontecendo, o compartilhamento dessas informações. Agradeço ao time da entidade, toda a diretoria, a equipe que está por trás de tudo isso fazendo acontecer. Esse time é muito comprometido, democrático e empenhado no coletivo, e isso é fundamental para o sucesso de qualquer gestão”.
Felipe Freitas também fez questão de retribuir o carinho. “Durante um ano, tive o prazer de conviver com essa diretoria, com time do escritório e do administrativo, interagi com as autoridades de regulação e regulamentação, com representantes da saúde suplementar no país. Foi muito legal! Agradeço a oportunidade de estar hoje com vocês, nesse seminário inovador, diferente, a cara dessa gestão, que é de promover mudanças e fazer o que nunca havia sido feito. Continuo sempre à disposição da UNIDAS e de todas as filiadas para defender a bandeira da autogestão, que vive sob ameaça. Eu vivi, entendi e passei a admirar e advogar em prol das autogestões, então, contem comigo”, declarou.
Mensagens da diretoria
Anderson Mendes, presidente da entidade, fez questão de agradecer a todos os participantes, patrocinadores, curadores e a equipe da UNIDAS. “Neste ano, tivemos de nos reinventar, nos readaptar. Reprogramar nosso evento tradicionalmente realizado no mês de abril, pensando cuidadosamente em cada detalhe, para manter a qualidade de nossas palestras, e, principalmente, a segurança de todos nós”, explicou.
“Tenho que destacar nossas filiadas, que não só acreditaram e apoiaram este projeto, mas vem demonstrando um espírito de união ajudando umas as outras nesta pandemia, e fazendo acontecer o propósito de nossa instituição”, acrescentou o presidente.
O vice-presidente da entidade e presidente da Asfeb, Cleudes Freitas, também falou: “A primeira edição virtual de nosso tradicional evento trouxe um formato inovador, encurtou distâncias e registrou alguns recordes. Tudo isso com o comprometimento de 15 profissionais da equipe de produção no teatro WTC e dos colaboradores da nossa instituição”.
No segundo dia de trabalhos, o diretor de integração da UNIDAS e diretor de provimento em saúde da Abertta Saúde, Werner Dalla, agradeceu aos participantes e destacou que “nós devemos pensar que fazemos parte de um sistema e não podemos pensar nas operadoras de forma isolada, sem considerar a importância da integração entre elas”.
“O 11° Seminário UNIDAS tem como objetivo fomentar as discussões relevantes em torno de um tema fundamental que é a saúde integral. Gostaria de desafiá-los a terem um olhar diferenciado nesse momento para esse tema. Os conceitos são amplamente conhecidos, mas ainda não foram implementados de formas adequadas, podemos confirmar essa ideia a partir das inflações médicas de dois dígitos a mais de uma década, assim como a ampla fragmentação do nosso sistema, e também desse modelo prevalente de custeio, que incentiva o desperdício”, ressaltou Dalla.
Maurício Lopes, diretor administrativo-financeiro, participou em vídeo
A abertura do terceiro dia ficou por conta de Maurício Lopes, diretor administrativo-financeiro da UNIDAS. “A atenção integral à saúde é um tema de grande importância que precisa ser abordado e debatido, principalmente no segmento de autogestão”, destacou.
“Este é um evento formatado com todo cuidado e carinho, para levar informação e conhecimento para todas as nossas filiadas e ao mercado de saúde. Neste momento de pandemia, onde muitas operadoras sofreram impactos econômicos, tivemos que mudar a data do nosso seminário e buscar inovação, não só no formato como também na estrutura de custeio. Assim, conseguimos alinhar os interesses com as empresas parceiras e este é um evento totalmente patrocinado. Dessa forma, foi possível garantir o acesso gratuito dos colaboradores de nossas filiadas e ampliar consideravelmente a audiência”, reforçou o diretor administrativo-financeiro.
Diretamente do palco do WTC, Marina Shizuko, diretora técnica da instituição e gerente de serviços de saúde da Amagis, fez a abertura do penúltimo painel do evento. “Neste ano, o seminário seria em Belo Horizonte (MG). Contudo, devido à pandemia, tivemos que adiá-lo (no formato presencial), mas não poderíamos deixar de fazê-lo, já que nossa proposta é o compartilhamento do conhecimento, a coletividade e a colaboração mútua. Então, fico muito feliz de abrir o quarto dia de encontro”, iniciou.
Marina seguiu o discurso enfatizando o trabalho da instituição: “o tema deste evento é realmente o objetivo principal da UNIDAS, a oferta do atendimento diferenciado, que nos move enquanto autogestão em saúde, já que não temos finalidade lucrativa e, sim,a entrega de maior qualidade dos serviços prestados aos nossos beneficiários além da preocupação com a sustentabilidade do setor. Para nós é importante o beneficiário no centro do cuidado e esse momento de pandemia tem trazido maior possibilidade de reflexão sobre isso, do autocuidado e do cuidar dos outros também”.
A diretora técnica ainda relembrou os 18 anos de atuação da entidade, declarando que durante todo este tempo de existência a UNIDAS busca atuar permanentemente junto aos órgãos reguladores – Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) Ministério da Saúde e Congresso Nacional – e tudo isso vai de encontro ao propósito da instituição: unidos pela autogestão; também da visão, que é ser o centro de soluções e conhecimento para as autogestões e a referência na saúde suplementar; conjunto baseado nas crenças e valores.
No último dia, Adir Meirelles, diretor de comunicação da UNIDAS e gerente de rede credenciada da AMS Petrobras, deu início aos trabalhos com uma mensagem agradecendo a todos que têm participado dos debates ao longo do evento. “Estamos fechando a semana com chave de ouro”, ressaltou.
O diretor de comunicação aproveitou ainda para declarar que o papel da instituição tem sido fortificado nesse período de pandemia e, embora seja um momento de crise, principalmente no setor, a proposta do 11° Seminário está trazendo novas possibilidades de compartilhamento de conhecimento: “A UNIDAS tem atuado fortemente no que se refere ao compromisso com nossas filiadas, tanto em relação a tecnologia quanto no aporte de serviço para essas operadoras”.
Encerramento
O vice-presidente da UNIDAS, participou de forma online do encerramento do evento e não pôde deixar de agradecer: “Foram cinco dias intensos de debates, que geraram mais de 10 horas de conteúdos enriquecedores, apresentados por 25 palestrantes e mediadores, incluindo um especialista internacional. Também tivemos a importante parceria de 27 empresas patrocinadoras. Em nome de toda a diretoria e conselhos da entidade, nosso muito obrigado a todos vocês, participantes, palestrantes, patrocinadores e equipe UNIDAS”, disse Cleudes Freitas.
Durante o encerramento, também foi anunciado o 23º Congresso Internacional UNIDAS, que entre os dias 12 e 13 de novembro, abordará “o impacto da pandemia no modelo de saúde atual”.
AACD
Além de conteúdos enriquecedores, durante os cinco dias de debates desta edição do seminário também foi realizada uma importante ação social: arrecadação de doações para a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). Além disso, solidariedade e música boa movimentaram o público durante a live de encerramento, que aconteceu na noite de sexta-feira (21), mais uma vez com o agito da banda Santa Maria.
O presidente da UNIDAS, Anderson Mendes, estava no estúdio onde ocorreu o show e destacou a importância de contribuir com doações: “Essa live tem um motivo especial, que é a solidariedade, conceito presente em nossas caixas. Afinal, as autogestões têm como propósito ser solidárias”.
Anderson Mendes aproveitou o momento para agradecer: “obrigado a todos que estão participando e também aos que participaram do nosso seminário. Foi uma semana de muito aprendizado e troca de conhecimento, inclusive para nós da UNIDAS. Parabéns a todos! Nosso evento foi um sucesso. Agradeço aos nossos patrocinadores e também a diretoria, conselho, toda gestão e nossas filiadas que nos apoiaram. Nos vemos em breve”.
Se você perdeu, pode conferir aqui, em nosso canal no YouTube.
Formato inovador
Devido à pandemia da Covid-19, o 11° Seminário UNIDAS – Atenção Integral à Saúde foi adaptado ao âmbito digital, seguindo todas as orientações e protocolos dos órgãos nacionais e internacionais de saúde e vigilância. A produção aconteceu no teatro WTC, em São Paulo, e contou com equipe reduzida, seguindo o distanciamento mínimo estabelecido, com técnicos fazendo uso de máscaras de proteção, além de atenção redobrada aos protocolos de higienização, para garantir tranquilidade e segurança a todos.
Tradição da UNIDAS, o seminário manteve sua qualidade e compromisso social mesmo neste novo modelo. A edição virtual contou com o que há de mais moderno em tecnologia, pensada justamente para esse tipo de ocasião. A superprodução incluiu painel de led de alta resolução, sistema watchout, sonorização completa, iluminação de palco e cênica, sistema completo para a live streaming e realidade aumentada. Com essas tecnologias, além de ter acesso ao conteúdo com a mesma qualidade, os participantes puderam interagir durante o evento de forma dinâmica e vivenciar toda a experiência do seminário.
Saiba mais
Os participantes terão acesso a todos os conteúdos do 11° Seminário UNIDAS até o dia 28 de agosto. Basta clicar aqui e acessar a plataforma do evento.
O álbum completo do evento pode ser acessado em nossa página no Facebook.
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