8 de dezembro de 2021 – N.º 1.775
24º Congresso UNIDAS é marcado por recordes e ultrapassa a marca de 2,3 mil participantes
Evento, que contou com palestrantes nacionais e internacionais, debateu os desafios da saúde coletiva no segmento suplementar
Público acompanha abertura oficial do evento no CICB
“Nossos desafios estão longe de serem superados, mas estamos lutando, e cada batalha vencida é uma motivação a mais para continuarmos em frente”. Esta foi uma das frases do presidente Anderson Mendes durante a abertura oficial do 24º Congresso Internacional UNIDAS – Desafios da saúde coletiva no segmento suplementar, realizado entre 1º e 3 de dezembro de 2021, no Centro Internacional de Convenções do Brasil – CICB, em Brasília-DF, e transmitido ao vivo para mais de 2,3 mil pessoas, somando o público presencial e virtual, entre eles, 79 presidentes e CEOs; 56 gestores; 180 diretores; 282 gerentes; 139 coordenadores e supervisores; 33 assessores; 271 analistas, 37 auditores e mais 1.000 técnicos. Também tivemos 43 palestrantes e mediadores, além de 57 empresas patrocinadoras e 2 empresas apoiadoras. No total, 82 autogestões estavam presentes.
O presidente também aproveitou a oportunidade para anunciar a mais nova iniciativa da UNIDAS: “seremos a primeira entidade a criar um escritório de valor em saúde”. De acordo com ele, a ideia é fruto de uma parceria com a 2iM, na qual os técnicos das filiadas serão formados em VBHC, para discutir modelos de implantação e acompanhar pilotos de execução. “Esta será, sem dúvida, a construção da primeira página de uma nova história”, acrescentou.
Além disso, ele fez um alerta sobre os aumentos de despesas assistenciais das autogestões, sem contrapartida semelhante nas receitas. “Os custos crescem, em média, 17,5% ao ano. Ou seja, ele dobra a cada cinco anos”, afirmou. Segundo o presidente da UNIDAS, a pandemia do coronavírus deu uma sobrevida para o setor, já que as pessoas deixaram de realizar uma série de procedimentos. Contudo, este cenário deve se reverter e trazer sérios problemas para as operadoras. “A corda talvez estivesse prestes a romper, de tão esticada, mas a pandemia, que ceifou a vida de tantas pessoas pelo mundo, deu sobrevida às operadoras com os resultados de 2020. Assim como um tsunami, a água que baixou parece ser presságio de uma nova onda de custos que pode afogar a todos”, destacou. Ele também falou sobre o papel da UNIDAS para apoiar as autogestões na mudança necessária para a sobrevivência do setor.
Mendes encerrou sua fala agradecendo aos colaboradores que trabalharam para possibilitar a realização do evento. “Agradeço também a nossa diretoria, aos conselhos deliberativo e fiscal, além dos que atuam nas superintendências e os nossos patrocinadores. Meu muito obrigado aos curadores dos painéis que trouxeram conteúdos de extrema qualidade”. O presidente da UNIDAS também falou sobre a importância do papel ativo das filiadas dentro da entidade, ressaltando que elas não só acreditaram e apoiaram o projeto, mas vêm demonstrando um espírito de união, com colaboração mútua, fazendo acontecer o propósito da instituição na prática. Mais uma vez o presidente enalteceu que a UNIDAS veste a camisa de todas as autogestões, mas só as filiadas vestem a camisa da UNIDAS.
Clique aqui e assista a abertura na íntegra, em nosso canal no YouTube.
Mudança de comportamento
Existem também incentivos para mudança comportamental por meio de gatilhos emocionais como: orgulho, culpa e vergonha. “Despertar sentimentos também é uma maneira de provocar mudanças comportamentais. Um bom exemplo são os hotéis que incentivam as pessoas a não trocarem as toalhas para diminuir o impacto no meio ambiente. Claro que esse impacto existe, mas o hotel também tem um ganho financeiro ao economizar lavagens”, explicou. Para Eduardo, as mudanças comportamentais só ocorrem de maneira permanente quando três fatores se unem: acessibilidade (tornar acessível a informação que conscientiza o ser humano sobre a importância daquela mudança de hábito), desejo (ou seja, fazer com que aquela mudança seja vista como algo positivo e desejável) e facilidade (o processo para realizar aquela mudança de comportamento precisa ser simples).
Futuro dos Planos de Saúde no Brasil
Freitas abriu a conversa destacando que os principais desafios do segmento hoje são o controle de custos e o ganho de escala. “Estamos vivendo uma crise e nosso negócio está ligado diretamente à capacidade econômica da sociedade. Por isso, precisamos ser mais eficientes nos custos para proporcionar saúde de qualidade”, destacou. “Temos que buscar novos modelos de negócios que sejam mais eficientes e reduzam desperdícios e fraudes. O fee for service não cabe mais, pois é um impulsionador do aumento de custos”, completou. Para o executivo, um dos caminhos para resolver a questão é ganhar escala. Segundo ele, “as pessoas querem ter acesso à saúde suplementar”. Contudo, a atual legislação, engessada, impede a criação de novos produtos que permitam uma maior inclusão e valores mais acessíveis. O presidente da Seguros Unimed destacou ainda que a tecnologia será um fator de transformação. Porém, lembrou que é necessário ter as regras do jogo mais claras e também destacou, em sua fala, a importância do fortalecimento da governança na saúde suplementar.
Castro Júnior falou sobre o reposicionamento estratégico da CASSI, que engloba um forte investimento em telemedicina, atenção primária à saúde, integração de custos, interoperabilidade, gestão de casos, inteligência artificial e uso de ferramentas de Analytics. Disse ainda que “se não tivermos um pensamento disruptivo diferente do que temos hoje, não existirão mudanças. Temos analisado os grandes problemas do presente e os que viveremos no futuro. Observamos um atendimento muito mais qualificado quando podemos contar com programas específicos para redução de despesas para as operadoras. As empresas que não estão fazendo adequações com as novas tecnologias, não terão condições de se manter no mercado em um futuro próximo”.
De acordo com Castro, diversas empresas que não conseguiram oferecer novas condições aos seus beneficiários fecharam as portas. “Na CASSI, estamos buscando as startups, pois são essas empresas de mercados diferentes do nosso que podem proporcionar luz, para que consigamos trazer coisas novas. É um processo inevitável dentro da nossa realidade”, disse. “A comodidade que chega as nossas mãos por meio da transformação digital é ilimitada; portanto, precisamos entrar com força nesse mundo”, afirmou o presidente da maior operadora de autogestão do país ao apresentar o plano de transformação desenhado pela CASSI.
Manoel Peres, da Bradesco Seguros, salientou que o setor é marcado pela questão econômica e que emprego e renda são os grandes desafios dos gestores das maiores operadoras. Para ele, a tecnologia chegou para transformar profundamente a relação entre planos de saúde e consumidores. “Neste período da pandemia, atendemos milhares de pessoas utilizando a telemedicina, facilitando o acesso dos beneficiários sem que tivessem que ir ao hospital. O objetivo é promover o uso responsável dos recursos de saúde, por meio de um estilo de vida saudável. Incentivar a integração da prestação de serviços da rede credenciada é o nosso papel”, afirmou. Ele lembrou que o acesso à saúde é o terceiro maior objeto de desejo das pessoas; por outro lado, elas estão cada vez mais exigentes com os serviços prestados. “Por essa razão, é necessário oferecer qualidade e acesso. Esses são nossos desafios”, destacou.
Por último, Paulo Chapchap pontuou sobre os impactos da gestão de saúde no desafio de abrir clínicas digitais, inclusive para os beneficiários. “Estamos em um momento de transformação cultural e tecnológica, com as duas coisas acontecendo ao mesmo tempo, trazidas pela pandemia”, disse. Ele afirmou que a telemedicina proporciona um maior acesso e acolhe o beneficiário, além de desafogar os prontos-socorros. “O atendimento por telemedicina resolve parte desse problema – a triagem on-line diminuiu as consultas presenciais em 40%. A tecnologia trouxe grandes avanços e trará cada vez mais”, afirmou.
Perspectivas e visões sobre o futuro da saúde no mundo
Para Clemente Nóbrega, a telemedicina não é modismo e a transformação tecnológica é um caminho sem volta. “Esse tipo de serviço veio para ficar e as startups têm papel fundamental nesse processo. Elas estão trazendo um mundo de necessidades não satisfeitas no sistema de saúde”, afirmou. “Nossa maneira de analisar todas essas mudanças na saúde é incluindo os resultados dos tratamentos. Desse modo, as startups conseguirão apresentar os resultados, o que estava faltando no segmento de saúde. Elas têm potencial de revolucionar nosso mercado e melhorar a percepção de valor dos nossos pacientes”, frisou.
Scarabel ressaltou que antigamente os profissionais tinham receio da telessaúde, mas que a pandemia acelerou esse modelo de prestação de serviço. “As relações foram agilizadas em 25 vezes e as operadoras que estiverem mais próximas e que conseguirem sair na frente terão uma vantagem competitiva. As autogestões estão fazendo isso muito bem. Não tenho dúvida que sabemos onde estamos e o lugar que desejamos chegar, com um custo acessível e racional para que o paciente tenha exatamente aquilo que precisa” disse o ex-presidente da ANS.
Inovação na construção de valor em saúde: mudança de modelos e busca de soluções integradas
A mesa-redonda que reuniu o professor e médico, Robert Janett, da Harvard Medical School; Cesar Abicalaffe, presidente do IBRAVS – Instituto Brasileiro de Valor em Saúde; Pedro Magalhães, coordenador de implementação de VBHC no Joinvasc; e que teve a moderação de Vilma Dias, consultora de Gestão em Saúde e APS, discutiu como pensar em soluções integradas de cuidado com o paciente. A moderadora abriu o painel destacando que a Atenção Primária é um desafio enorme para todos, assim como a integração das redes. “Hoje, temos uma rede fragmentada no cuidar das pessoas e com pouquíssimos indicadores para medir os resultados. Mas essas dificuldades não sobrepõem o desafio da sustentabilidade, e nem o de acabar com o desperdício que existe na saúde suplementar”, afirmou.
Na sequência, o professor Robert Janett falou da agenda compartilhada de saúde e como pensar o modelo de forma diferente. “Precisamos mudar a cabeça do gestor e do paciente”, afirmou. Segundo o especialista, as pessoas já têm uma ideia fixa do que é um sistema de saúde eficaz. Por isso, criar um novo modelo demanda mudar essa mentalidade. Ele também tratou da agenda compartilhada, destacando a importância do prestador e dos pacientes nesse fluxo. “Esse processo não tem como ser feito sem o engajamento dos médicos. Todos queremos o mesmo: melhorar o atendimento aos beneficiários. Porém, raramente encontramos o perfil epidemiológico das pessoas, tanto no Brasil, quanto em outros países. Nesse sentido, precisamos identificar os gaps para melhorar nossa performance”, esclareceu.
Segundo o especialista, os pacientes precisam de acesso fácil e gestão, além de um modelo mais contemporâneo de medicina. “A integração entre o médico e o paciente, além de um sistema organizado, deixa o médico mais feliz, tendo todas as ferramentas necessárias para atuar”, complementou. Para ele, dentro dessa visão, o papel da Atenção Primária é fazer o controle completo da situação do paciente. “Sabemos que os planos querem melhorar a saúde dos seus beneficiários, e o médicos também. Precisamos fazer a integração desses desejos para entregar o valor que o paciente espera”, destacou.
Em seguida, Pedro Magalhães apresentou o programa de cuidado com os pacientes que tiveram Acidente Vascular Cerebral (AVC), implementado no município de Joinville (SC), que tem como premissa o cuidado integrado e a atenção primária. “O sistema de saúde necessita repensar seu papel de cuidar das pessoas, e não apenas tratar doenças. A APS reduz significativamente os custos e proporciona mais saúde à população”, afirmou. Pedro também explicou que o programa tem um olhar diferenciado para o custo do paciente – incluindo no cálculo os “gastos invisíveis” para calcular o ROI. “A gente não calcula o custo do acompanhante que deixa de trabalhar para ficar com o paciente no hospital, por exemplo.” O especialista conta que, com esse olhar integrado, o programa da cidade conseguiu reduzir em 37% a incidência de AVCs e, hoje, 83% da população que teve a doença busca a rede pública por conta da excelência no atendimento – reconhecida por todos, mesmo na parcela que possui plano de saúde.
Finalizando o painel, Cesar Abicalaffe apresentou a metodologia para calcular valor em saúde, que tem três premissas como pilar: avaliação do corpo clínico; avaliação dos prestadores; e avaliação das linhas de cuidado. “Com essas análises, é possível organizar os indicadores e ter um norte de trabalho. É fundamental também entender o que é ou não pagamento baseado em valor. A adesão do paciente à linha de cuidado pode reduzir em até 22% o custo do tratamento”, disse.
ESG: O futuro dos negócios
Para Glasser, as práticas de ESG são fundamentais para se medir que companhias têm, de fato, impacto social. “Quando combatemos a desigualdade, estamos combatendo várias questões, e isso tem tudo a ver com transformação digital”, explicou o empreendedor, lembrando que gestão de pessoas não é mais uma área, mas sim uma competência que o marketing deve possuir, assim como o financeiro e todos os demais departamentos. “É importante perceber o potencial de inclusão do setor. Pensar no ESG como uma oportunidade de negócio e gerar mais oportunidades é um caminho sem volta”, afirmou. Ele falou também sobre o modelo de negócios da Carambola. “Nosso negócio é voltado as demandas do digital e a gestão da diversidade. Oferecemos para o mercado mão de obra qualificada em TI e diversa, já que nosso foco é treinar minorias”, destacou. Para Gustavo, a sociedade passa por um modelo de transformação profundo e a demanda por diversidade é um fato. “É imprescindível ter estratégias objetivas para que a mudança cultural seja gradativa”, explicou.
Lídia Abdalla comentou como o Sabin tem tratado os pilares de ESG dentro da organização. De acordo com ela, o grupo tem uma responsabilidade com a sociedade como empresa, com o intuito de gerar valor a todos os seus stakeholders – colaboradores, clientes, fornecedores, comunidade, sociedade e governo. “Temos a obrigação de entender que temos que responder as demandas dos nossos clientes e da sociedade. E fazemos isso por meio do Instituto Sabin, o qual tem o papel de fomentar a inovação social e seu impacto”, afirmou.
Privacidade e gerenciamento de identidade e segurança da informação
A docente portuguesa fez uma comparação do surgimento da Lei de Proteção Geral de Dados (LGPD) da Europa e a do Brasil. Segundo Carla, os dados de saúde fazem parte da vida privada. “Na Europa, a proteção de dados faz partes dos direitos fundamentais e, por isso, garantidos por lei. Todos podem saber onde e para quê serão usados os seus dados pessoais. É preciso que a pessoa autorize a utilização dos seus dados”, declarou. Ela também explicou a diferença entre gerir informação e garantir privacidade. “São coisas distintas. Temos que fazer essa gestão do consentimento dos usuários. Vivemos num mundo cada vez mais tecnológico; então, não é possível apenas se pautar pela legislação, é preciso mobilizar também as questões de cybersegurança”, disse.
Nathalia Pompeu deu sequência no tema. Para ela, “privacidade é o que temos de mais valioso”. A jurista afirmou que “muitos acham que o consentimento para utilizar os dados pessoais é a única saída e a mais fácil. Entretanto, o consentimento é só uma das soluções. Tem que ver a questão da proteção, onde aquele dado vai ficar, qual a finalidade, e além do consentimento existem outras bases legais”, complementou. Ela também defendeu a criação de uma autorregulação da área de saúde suplementar. “Em um ano de vigência, já tivemos 600 decisões envolvendo LGPD. Em relação ao DPO, as empresas já estão com um grau alto de profissionais estabelecidos, mas o Brasil ficou em terceiro lugar em profissionais dedicados. Qual o futuro? Vamos falar sobre LGPD como uma coisa boa e vamos ser protagonistas”, afirmou.
Já Marcelo Guedes trouxe uma visão mais prática da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) da Europa e do Brasil. “A LGPD vem de décadas atrás e de forma pontual passando por diversos diplomas normativos nacionais e inúmeras regulamentações de setores distintos”, disse. Ele também destacou questões práticas da implementação de sansões para as empresas que não cumprem a lei. “As violações ocorrem de duas formas: quando é exercitada pelo próprio dono do dado, quando é de seu próprio interesse, ou quando existe a violação por meio de um terceiro, como nas falhas de segurança da informação e no vazamento de dados pessoais. São instâncias que precisam dialogar, a fim de que o direito do titular seja resguardado”, destacou.
O moderador do painel, José Luiz Toro, explicou que o regulamento europeu foi quem inspirou a LGPD do Brasil. “Nós, na verdade, é que somos os titulares dos dados e é esse o princípio que norteia nossos direitos. É um empoderamento da proteção de dados pelos seus proprietários. A LGPD é de fundamental importância e trouxe ênfase a proteção de dados, mas ela se comunica com diversas outras normas que precisam estar interligadas”.
Saúde mais inclusiva
Segundo o deputado Dr. Luizinho é preciso discutir uma legislação mais flexível para que a saúde suplementar avance sem desorganizar o SUS.
Para encerrar o segundo dia de debates, Frederico destacou que estar no evento significa uma vitória para todos da saúde suplementar que estiveram presentes no 24º Congresso UNIDAS. “Temos um Projeto de Lei que trata da telessaúde, não só durante a pandemia, mas na retomada. Temos que parar de olhar para a doença e pensar mais na saúde. E a telemedicina ajuda os pacientes a terem acesso ao que necessita” finalizou o moderador do painel.
Transformação digital
Werner abriu o debate enfatizando a relevância da transformação digital. “Temos vivenciado essas mudanças diariamente e vimos que houve um salto significativo. É essencial refletirmos se estamos preparados para coordenar esse novo real dentro das nossas empresas ou se estamos sendo levados por elas. Quando a transformação digital chegar, precisamos estar preparados, ou seremos engolidos por ela”, frisou.
Chiavegatto deu sequência ao tema explicando como machine learning pode ajudar na solução de problemas específicos, considerando também o cenário de pandemia. “Usando como exemplo uma situação de um paciente com Covid-19: Qual a probabilidade de ele precisar de ventilação mecânica, ir para UTI e vir a óbito? Quem pode dar as respostas é o algoritmo universal da saúde, que serve para avisar o médico e o hospital sobre o estado do paciente”, afirmou. Alexandre contou que com o intuito de testar a ferramenta, foram utilizados o IACOV-BR – rede de hospitais nas cinco regiões brasileiras – para validação de algoritmos de IA – e os resultados demonstraram eficiência. “Porém, para alavancar o uso da machine learning em saúde no Brasil, faltam os dados das pessoas. Já temos avanços científicos, mas precisamos das informações”, comentou. Segundo o especialista, dadas as complexidades do sistema de saúde, a área se encontra atrasada no uso dessas ferramentas. “A pandemia impulsionou o uso da tecnologia em saúde, mas se não estiver regulamentada nos fundamentos do setor, ela se perde. É um momento importante para se pensar em estratégias nacionais e globais para que possamos nos preparar para o futuro”, concluiu o especialista.
Em sua apresentação, Linconl destacou que “o conceito de interoperabilidade vai muito além das questões de tecnologia, vai na questão de modelos de serviços, processo operacionais, nomenclaturas de terminologia, legislação e regulação, pessoas. A tecnologia viabiliza a interoperabilidade, mas ela exige padrões”.
Comissões UNIDAS
O painel Comissões UNIDAS abordou o papel destes grupos de trabalho para a integração entre as autogestões. Participaram do debate: Josiane Colombo, coordenadora da Comissão de Regulação de Normas Técnicas; Júlio Souza, coordenador de Modelos de Remuneração e Gestão de Rede, e Maurício Lopes, diretor administrativo-financeiro da UNIDAS e diretor de seguridade do Economus, que atuou como moderador. Lopes destacou que “está no DNA da UNIDAS compartilhar práticas e conhecimentos. As comissões sintetizam esse espírito”, disse. Ele também comentou que a comissão de qualidade e governança está criando um manual sobre o tema específico para as autogestões.
Josiane Colombo contou que a comissão de Normas Técnicas teve início em 2020 e, de lá pra cá, já realizaram mais de 15 reuniões e consultas públicas junto à Agência Nacional de Saúde (ANS), entre outras ações. Em seguida, Júlio Souza esclareceu que o principal objetivo da comissão que coordena é estudar e oferecer para as operadoras ferramentas que possam realizar a mudança do modelo de remuneração. “A gente tem receios, assim como o prestador, mas esse é um trabalho que deve ser feito a quatro mãos. Precisamos nos reorganizar para discutir novos modelos”, afirmou.
Prêmio UNIDAS
O objetivo desta premiação é apresentar cases com práticas inovadoras, que demonstrem melhoria de eficácia, qualidade, sustentabilidade, segurança, entre outros. Como, por exemplo, tecnologias aplicadas ao sistema de saúde; uso de inteligência artificial, telessaúde, modelos diferentes de remuneração, entre outros. Foram recebidos 34 trabalhos, 20 de filiadas e 14 de prestadores de serviços. Clique aqui e acesse todos os trabalhos recebidos.
A comissão avaliadora foi composta por Alberto Ogata, presidente do International Association of Worksite Health Promotion (IAWHP); Gisele Brocco, gerente Corporativa de Enfermagem do Grupo Santa Marta, do Distrito Federal, e Goldete Priszkulnik, executiva Médica em Gestão em Saúde Suplementar.
Vencedores filiadas
. 1º lugar: “Autopercepção de saúde como preditor de mortalidade: estudo retrospectivo em uma coorte de beneficiários do plano de saúde”, da CAPESESP, recebido por João Paulo dos Reis Neto.
. 2º lugar: “Hospitais de transição: uma alternativa viável de desospitalização e continuidade do cuidado”, da POSTAL SAÚDE, recebido por Amanda Bassan.
. 3º lugar: “Um novo olhar na assistência integral do paciente: desde o fornecimento de medicação oral e de material até a geração da farmacoeconomia, dentro da obrigatoriedade do rol da ANS”, da FUNDAFFEMG, recebido por Flávia Alves.
Vencedores prestadores de serviços
. 1º lugar: “Estudo de coorte: População com doença crônica monitorada” e Comportamento digital na população com doença monitorada”, da AsQ Saúde, recebido por André Machado.
. 2º lugar: “Comportamento digital na população rural, estudo piloto de telemedicina”, da AsQ Saúde, recebido por André Machado.
. 3º lugar: “Uma ferramenta baseada em Inteligência Artificial para auxílio na auditoria odontológica”, da Maida Health, recebido por Gabriel Ananinas Rodrigues.
Startups
Este congresso trouxe mais uma novidade: um pitch com as startups Blendus, Camedics, Carefy, Conectgne, Hcentrix e Sleepup. O momento foi moderado por Patricia Melo, diretora de treinamento e desenvolvimento da UNIDAS e diretora de seguridade da Fundação Real Grandeza. As empresas apresentaram suas soluções em diferentes segmentos como farmacogenética, monitoramento do sono, gestão digital do paciente, interconsultas e gestão de crônicos e de gastos. “As health techs trazem soluções fundamentais para o mercado e essa é a principal razão pela qual a UNIDAS e suas filiadas devem estar cada vez mais próximas deste ecossistema”, afirmou.
Quem abriu o debate foi o diretor da Blendus, o médico Flávio Exterkoetter, que desenvolveu um painel de inconsistências críticas, com o intuito de analisar como está a situação regulatória das empresas. “Tentamos trazer transparência e previsibilidade para as operadoras. Atuamos na gestão estratégica das companhias”. A Blendus acredita na conformidade regulatória para atender essas questões, e para isso, oferecem dois softwares que cobrem todas as necessidades regulatórias. O trabalho de base para que as operadoras tenham mais eficiência em sua atuação é essencial, é isso que oferecemos”.
Na sequência, foi a vez do CEO e cofundador da Camedics, o médico Leslie Clemence. Segundo ele, para solucionar o problema do cuidado e das despesas, a empresa desenvolveu um software que busca os pacientes silenciosos, aqueles que não reclamam da doença, sofrem calados, e essa ferramenta consegue analisar a evolução do quadro, cuidando para evitar problemas ainda mais sérios e, principalmente, atua para manter a vida dessas pessoas. “Por meio da nossa tecnologia é possível identificar quais os tipos de profissionais são os mais adequados para acompanhá-los, considerando determinados critérios”.
Sergio Augusto Morgan, diretor comercial da Carefy, apresentou soluções nos cuidados dos pacientes em home care. Ele explicou que os auditores externos fazem o acompanhamento por meio de Inteligência Artificial. Essa experiência representa 13% a menos nos custos com internações. “Sabemos que esse é um dos desafios das autogestões e nós podemos contribuir para amenizar esses gastos”, conclui Morgan.
Já o diretor executivo da Conectgene, José Antonio Diniz de Oliveira, mostrou como a farmacogenética oferece a máxima eficiência dos tratamentos e conhece os pacientes que podem ter reações graves a medicamentos. No entanto, existe a questão dos custos dos testes genéticos que ainda não permite testar todo mundo, apesar de ser o ideal pois é algo para a vida toda, pois os problemas genéticos não mudam, ressaltou o executivo. “Pacientes psiquiátricos que não se dão bem com os medicamentos é apenas um exemplo de situação que poderia ser resolvida de forma mais assertiva se tiverem o teste em mãos, por isso, os farmacogenéticos são tão importantes. Nosso intuito é melhorar a qualidade de vida das pessoas e a grande motivação é trazer para o Brasil o que existe de mais atual”.
O COO e co-founder da Hcentrix, Fábio Boihagian comentou que em sua base de dados são cerca de três milhões de vidas e disse que a “dor” que a empresa resolve é a de auxiliar as operadoras de saúde a evitar custos, mas que é necessário primeiro conhecer a jornada do paciente e que essa é uma grande “dor” dos planos de saúde, pois geram muito desperdício. “Criamos uma estrutura que coleta os dados, integra por meio de ferramentas e algoritmos, e devolve para a operadora, implementando linhas de cuidados que geram redução dos gastos, por meio da jornada do paciente. Nosso diferencial é que atuamos em tempo real, além disso, oferecemos apoio consultivo.”
A última startup a se apresentar foi a da CEO e Co-founder da Sleepup, Renata Bonaldi. Ela possui uma plataforma de terapias digitais e esclareceu que 40% das pessoas sofrem com distúrbios do sono e 10% toma remédio para dormir todos os dias. “Nessas situações, percebemos que o grande problema é a baixa eficácia nos tratamentos e a dificuldade de mudar o estilo de vida. E o que fazemos é trabalhar com dados e algoritmos que ajudam na melhora da qualidade do sono dos indivíduos”. Estamos no mercado para auxiliar operadoras e autogestões a melhorem o sono dos seus beneficiários e atuamos também na redução de custos com doenças crônicas vinculadas aos problemas do sono, como depressão e menopausa, explicou Bonaldi.
A terapia digital é um conceito novo, mas possui respaldo da ANVISA e as intervenções são baseadas em eficiência e evidências que comprovam que são tão eficazes quando as presenciais. “Cada um de nós tem que se preocupar com a qualidade do sono, pois passamos um terço da vida dormindo. Temos que trabalhar na prevenção da insônia, que tem aumentado em razão da pandemia”.
Para finalizar o pitch, a moderadora Patricia Melo destacou que após todas as apresentações ficou comprovado o quanto as health techs podem oferecer para o mercado e que essa é mais uma razão para que outras startups façam contato com a UNIDAS, para que possam fazer parcerias, pois elas precisam de clientes e as operadoras necessitam de soluções, disse Melo.
Palestra patrocinada
Workshops
Além da programação oficial, o 24º Congresso Internacional UNIDAS contou com uma programação de quatro workshops patrocinados. A Saúde ID debateu o tema “A Inovadora Jornada Coordenada Digital First: do acesso rápido ao engajamento”. De acordo com o head de APS Coordenação de Cuidado da empresa, André Lucio de Cassias, “quando a gente olha para a saúde, infelizmente ainda vemos pequenos pontos sem conexão. O que enxergamos é uma linha de evolução de coordenação do Sistema Único de Saúde (SUS), mas que continua fragmentada e o foco ainda é na doença. Na Atenção Primária à Saúde (APS), a gente já incorporou e começou esse processo, mas é demorado. Leva cerca de três anos para que isso se transforme em bons cuidados aos pacientes”, explicou o especialista. Ele lembrou que a atenção primária precisa ser real para funcionar. “Os pontos precisam ser realmente integrados, com a presença do médico ou do enfermeiro de forma presencial e também no digital. A APS tem conseguido solucionar até 85% dos casos, sem precisar ser encaminhado para um especialista”, disse.
Em seguida, o oncologista clínico do Hospital Sírio Libanês, Marcelo Cruz, da Takeda, falou da “Medicina de Precisão em Oncologia e os Impactos nos Desfechos Clínicos e Econômicos em Saúde”, com mediação do médico João Paulo dos Reis Neto, presidente da CAPESESP (Caixa de Previdência e Assistência dos Servidores da Fundação Nacional de Saúde), filiada da UNIDAS. Cruz iniciou sua apresentação falando sobre o novo conceito de medicina de precisão e como os médicos lidam com esse aspecto. “O fato é que muita coisa mudou com o digital. A disrupção está na velocidade com que as coisas estão acontecendo com o uso da tecnologia para termos tratamentos mais eficientes e assertivos. Esse é um conceito relativamente recente, mas tem sido trazido de forma rápida para os pacientes”, afirmou o especialista. Essa mudança se aplica aos tratamentos oncológicos que, com a chegada da imunoterapia, aumentaram o tempo de vida médio do paciente de 10 para 15 meses. “A evolução dos tratamentos está cada vez mais rápida. Essa é a beleza da medicina de precisão”, destacou o especialista. Para o moderador do painel, “a medicina de precisão é fundamental para evitar o gasto desnecessário e minimizar os custos para os pacientes”. De acordo com Reis Neto, o preço pago é justificado pelo resultado clínico que o tratamento oferece. “São drogas extremamente importantes que trazem inúmeros benefícios clínicos”, complementou.
Francisco Prota, professor adjunto de ginecologia da PUC Campinas, ministrou palestra patrocinada pela BAYER, com o tema “Custo Efetividade: SIU LNG x Histerectomia no tratamento de Sangramento Uterino Anormal”. Ele ressaltou que os custos da saúde são crescentes, fazendo com que todos os envolvidos tentem alocar esses valores da melhor forma possível para entregar o bom desfecho. “O objetivo maior é que se entregue algo que custe menos e seja o mais eficaz possível”, destacou.
Inovações em saúde com terapias avançadas, palestra patrocinada pela Janssen, foi apresentada pelo oncologista Leandro Brust. João Paulo dos Reis Neto também foi o mediador da apresentação. Para Leandro, tratamentos como o Car-T Cell trazem alternativas para pacientes que não tinham nenhum tratamento disponível. “A jornada do paciente tem todo um desafio de logística, assim como financeiro, pois a Car-T é como um transplante, que necessita de diversos cuidados e por ser bastante caro. Mas precisamos também comemorar, pois muitos pacientes não tinham alternativas”, afirmou.
Encerramento
Ressaltando objetivos semelhantes, o presidente da UNIDAS, Anderson Mendes, disse que também está na pauta das autogestões o fortalecimento do setor e ampliação da base. “Para isso, precisamos criar alternativas para renovar e desenvolver a saúde suplementar”, ressaltou Mendes.
Cleudes Freitas, vice-presidente da UNIDAS, destacou a importância da volta ao modelo presencial. “Foi com muita alegria que encontramos pessoalmente os colegas que víamos apenas na telinha do computador, e estamos ainda mais satisfeitos por ver que todos venceram este momento tão crítico de pandemia”, disse.
Freitas destacou cumprimento de todos os protocolos de segurança com a saúde durante o evento, e que o sucesso só foi possível devido à colaboração de todos. “Agradecemos por tantos conteúdos enriquecedores que foram passados nos três dias do 24º Congresso Internacional UNIDAS. Todo esse período proporcionou conhecimentos muito ricos para o nosso segmento. Nosso intuito é colaborar com as nossas filiadas e parceiros”, finalizou.
7ª Expo UNIDAS
Quem passou pelo local também pôde visitar o estande da UNIDAS, e saber mais sobre as ações e serviços da instituição, além de conhecer o livro “A tributação das autogestões em saúde: à luz do princípio da moralidade tributária”, da editora dialética, publicado pelo consultor jurídico-tributário da entidade, Welington Luiz Paulo, além de acompanhar gravações e entrevistas ao vivo em nosso estúdio.
Agradecimento e informações gerais
Nosso reencontro em Brasília foi um sucesso e você fez parte disso! Juntos, somamos mais de 2 mil pessoas (considerando nosso público presencial e virtual) conectadas para debater os desafios da saúde coletiva no segmento suplementar. O conteúdo do evento ficará disponível aos inscritos na plataforma do 24º Congresso até o dia 15 de dezembro e poderá ser assistido no hall virtual do evento, clicando em plenária principal. Neste espaço, você também pode avaliar o conteúdo do congresso, Após esta data, ele poderá ser acessado apenas na Biblioteca Virtual da UNIDAS, canal exclusivo para filiadas. A emissão do certificado poderá ser realizada na área do participante, no hotsite, a partir do dia 15 de dezembro (para aqueles que tiveram participação igual ou superior a 70%).
Agradecemos a sua presença e esperamos você nos nossos dois próximos encontros, que já têm datas e locais marcados:
. 13º Seminário UNIDAS, em Belo Horizonte-MG , dias 26 e 27/04/2022.
. 25º Congresso Internacional UNIDAS, em Florianópolis-SC, de 16 a 18/11/2022.
Encontramo-nos em 2022!
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